domingo, 11 de julho de 2010

A Missão Artística Francesa e Grandjean de Montigny





MISSÃO ARTÍSICA FRANCESA

Contexto Histórico

Em um momento em que a Europa vivia o conflito do Bloqueio Continental, imposto por Napoleão Bonaparte, em que estava proibido qualquer tipo de relações, sejam econômicas ou políticas, com a Inglaterra, Portugal teve que pensar rápido em solucionar tal problema. Não podia abandonar as relações que tinha com a Inglaterra, pois a ela estava entregue a defesa de seus territórios, frente ao poderio das tropas Napoleônicas. A solução encontrada foi sair da Europa, rumo à sua colônia no Brasil. O Atlântico impediria a aproximação das esquadras Napoleônicas. Dessa forma, a Família Real e sua Corte chegam ao Brasil em 1808. Primeiramente, desembarcam na Bahia e abrem nossos portos às Nações Amigas (é claro, a Família e a Corte precisavam de alguns produtos importados), logo após, a Família vem para o Rio de Janeiro. Para adaptar a cidade à posição de capital do Império Português, D. João implementa uma série de medidas – entre elas a criação de uma Academia de Belas Artes -, que visava dar ao Brasil um perfil atualizado, lançando as bases de instituições que promovessem a infra-estrutura econômica, e a fundamentação cultural, indispensável à formação de uma elite local. Para tal atualização, D. João VI contrata, em 1816, a Missão Artística Francesa, chefiada por Joachim Lebreton.

A Missão Artística Francesa no Brasil

A Missão Artística Francesa vem ao Brasil afim de criar uma grande escola de artistas não só no Brasil, mas também na América do Sul. D. João objetivava dar ao lugar onde estava, um impulso tanto em infraestrutura quanto em conhecimentos científicos e artísticos. Para isso seria necessário dar aos habitantes da terra que ele afirmava que “poderia vir a formar o mais rico e opulento dos reinos conhecidos”, o ensino das Belas Artes. Dessa forma, D. João VI assina o decreto de criação da Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, em 12 de agosto de 1816. A implantação dessa academia representava um avanço cultural significativo, inserindo o Brasil no mundo desenvolvido, uma vez que eram poucos os países que, na Europa, possuíam sua Academia.
Interessante é notar que, mesmo sendo inimiga da França, Portugal assinou um decreto com uma Missão Artística Francesa. Há algumas explicações para isso. Alguns historiadores afirmam que a iniciativa de trazer o grupo de artistas partiu do Marquês de Marialva, ministro de Assuntos Estrangeiros de D. João, que recebeu o conselho de um naturalista alemão, Humboldt, o qual numa expedição à Amazônia ficou fascinado pelo Brasil. Outros sinalizam a existência de uma carta de Nicolas Antoine Taunay à rainha de Portugal, na qual o aristocrata rogava-lhe o apoio, através de sua mediação junto a D. João VI, com o objetivo de serem contratados ele e seus companheiros, os quais não estavam satisfeitos com a queda de Napoleão.
A Missão Artística Francesa, chefiada por Joachim Lebreton, contava com vários artistas, das mais diferentes habilidades, entre eles: Jean-Baptiste Debret, pintor de história; Nicolas-Antoine Taunay, pintor de paisagens e batalhas; Auguste Henri Victor Grandjean de Montigny, Charles Lavasseur e Louis Ueier, arquitetos; August Marie Taunay e François Bonrepos, escultores; Charles Simon Pradier, gravador; os irmãos Marc e Zéphyrin Ferrez, o escultor e o gravador de medalhas.
O grupo da Missão Artística inaugurou no país o ensino artístico em moldes formais, em oposição ao aprendizado empírico dos séculos anteriores. Estruturada dentro do sistema acadêmico, vai fornecer um ensino apoiado de modo geral nos preceitos básicos do classicismo: a compensação da arte como representação do belo ideal; a valorização dos temas nobres, em geral de caráter exemplar, como a pintura histórica, a importância do desenho na estruturação básica da composição; a preferência por algumas técnicas, especialmente a pintura a óleo, ou de alguns materiais, sobretudo o mármore e o bronze, no caso da escultura.
Certamente estas novas idéias contrariavam a tradição colonial, restrita em grande parte à temática religiosa e ao predomínio de certos materiais como a madeira. Mas é inegável que a Academia ampliou os horizontes das artes plásticas no país, criando um novo estatuto para o artista, fornecendo-lhe uma formação técnica aprimorada e expandindo o repertório temático.
A Academia, fundada e mantida pelo Estado, logicamente atrelava a produção artística à produção de obras públicas do governo. Porém, após dez anos de decreto, a Missão ainda não tinha um prédio próprio. Coube a Grandjean de Montigny projetar o edifício que abrigaria a Escola Real. Assim, em 5 de novembro de 1826, é inaugurada por D. Pedro I, na Avenida Passos, o edifício da Escola, dando início à Academia Imperial de Belas Artes, criada por um novo decreto.
É sobre esse prédio e sobre seu arquiteto que tratara os próximos tópicos do trabalho.



GRANDJEAN DE MONTIGNY E A ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTES (PÓRTICO)


Grandjean de Montigny e seus projetos

O arquiteto Auguste-Henri-Victor Grandjean de Montigny nasceu em 1777 no aristocrático bairro de Marais, em Paris.
Na França, com apenas 23 anos, Grandjean de Montigny conquistou o Prix de Rome, maior prêmio artístico de sua época. O feito lhe valeu uma viagem de quatro anos para Roma, onde estudou a arquitetura clássica, escreveu alguns livros e fez inúmeros desenhos dos templos antigos.
De volta a Paris, com a reputação em alta, o jovem arquiteto teve seu talento reconhecido por Percier e Fontaine, principais arquitetos de seu tempo, autores dos projetos para o império de Napoleão. Foram eles que o indicaram para trabalhar na corte da Westfália, quando Napoleão conquistou o território e o deixou sob o comando de seu irmão Jerome Bonaparte. Tão logo o arquiteto concluiu seus primeiros projetos - a reforma do palácio e a criação de um jardim - Napoleão perdeu a guerra e os franceses abandonaram às pressas o local.
De volta a Paris, o ambiente lhe era hostil, como o era para todos os bonapartistas. Grandjean de Montigny recebeu, então, dois convites: um para a corte russa e outro para a corte lusa. Aceitou a segunda opção e veio para o Brasil.
Nos 24 anos que viveu no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1850, Grandjean de Montigny trabalhou intensamente. Mas, dentre todos os projetos que criou, apenas três resistiram ao tempo: a casa que construiu para morar na Gávea, o Solar Grandjean de Montigny – hoje restaurado e transformado em centro de cultura; o pórtico principal da Academia de Belas Artes – transferido para o Jardim Botânico; e a Praça do Comércio, a atual Casa França-Brasil.
Em 2000, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio de Janeiro celebrou o ano Grandjean de Montigny, em homenagem ao centésimo qüinquagésimo aniversário de sua morte. Em 2003, o Museu Nacional de Belas e a 1ª Mostra Internacional de Arquitetura no Rio de Janeiro apresentaram a exposição Grandjean de Montigny.
Parte de seus projetos e desenhos encontra-se no Museu Nacional de Belas Artes, na Biblioteca Nacional, no Museu D. João VI da Escola Nacional de Belas Artes e no Museu da Cidade.

Projetos de Grandjean de Montigny

Projetos que ainda existem atualmente:

Academia Imperial de Belas Artes (somente o pórtico)

Era formado por dois corpos laterais de um pavimento e um corpo central saliente, em dois níveis: o primeiro em cantaria e portão central de arco pleno com relevos em barro cozido nas enxutas do arco, o segundo com seis colunas de ordem jônica em granito, com bases e capitéis de bronze, encimados por frontão de granito com relevo em barro cozido representando "Febo em seu carro luminoso"
Profundamente remanejado em 1882-1883 (com a elevação de um segundo andar e o avançamento da parte central da fachada), e em 1908 (com a construção de um terceiro andar pelo Ministério da Fazenda), o prédio foi enfim demolido em 1938. O pórtico transferido para o Jardim Botânico, encontra-se hoje como ponto final da aléa das palmeiras imperiais.

Praça do Comércio, antiga Alfândega, Casa França Brasil

Iniciado em 11 de junho de 1819, o edifício foi inaugurado em 13 de maio do ano seguinte, e no mesmo dia o arquiteto foi condecorado por D. João VI Cavalheiro da Ordem de Cristo. O desenho mostra a fachada principal de um pavimento com o corpo central saliente, patamar com quatro estátuas (o Comércio, a Navegação, a Agricultura e a Indústria), platibanda lisa, frontão reto com óculo semi-circular e tímpano decorado com as armas de Portugal, Brasil e Algarves.
A Praça do Comércio foi fechada em 1824 e em seu lugar passou a funcionar a Alfândega, remodelada em 1852 por André Rebouças. Por quase um século, o prédio foi ocupado pela Alfândega, até que em 1956 nele foi instalado o II Tribunal do Júri, ali permanecendo até 1978.
A partir de 1980, começou a cogitar-se da utilização da antiga Praça do Comércio para fins culturais. Em 1984, após entendimentos entre Darcy Ribeiro e o então Ministro da Cultura da França, Jacques Lang, nasceu a idéia de transformar o antigo edifício projetado por Montigny em um espaço cultural, para difundir trabalhos artísticos brasileiros e franceses. Nascia assim a atual Casa França Brasil.
Solar de Grandjean de Montgny

Quando chegou ao Brasil, o artista e sua família optaram pelo sossego da Gávea para residirem (imagine o que seria residir na Gávea em 1816!). Montigny moraria na casa da Gávea construída por ele mesmo até sua morte, em 1850. Alguns anos depois, sua viúva, Luiza Grandjean, vendeu a propriedade, que teve então diversos donos.
Em 1838, reconhecido seu valor histórico e cultural, a casa foi tombada pelo SPHAN e, em 1957, iniciou-se sua restauração, comandada por Augusto da Silva Telles e pelo professor Paulo Santos. Em 1951, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) comprou a propriedade, que passou a funcionar como espaço administrativo.
Em 1979, o Departamento de Artes da PUC desenvolveu um projeto junto ao SPHAN com o objetivo de dar uma melhor utilização ao prédio histórico. De acordo com este Departamento, além de ser restaurada e preservada, a Casa deveria ganhar uma função voltada à cultura.
Desta forma nasceu o Solar Grandjean de Montigny, inicialmente funcionando como Centro de Atividades Artísticas e atualmente abrigando o Centro Cultural, onde são realizados eventos culturais da PUC e exposições de arte.

Chafariz do Alto da Boa Vista

Localizado originalmente na Praça Onze de Junho, em 1940, a abertura da Avenida Presidente Vargas deu fim à tradicional praça, na região do Mangue sendo trasladado para a Praça Afonso Vizeu, no Alto da Boa Vista. O projeto foi encomendado em 1848, ao famoso arquiteto Grandjean de Montgny. No momento da construção deste chafariz, feito em cantaria, não foi respeitado o projeto original, levando a Congregação da Academia de Belas Artes, evidentemente, sensibilizada pelo falecimento de seu Mestre, a lavrar, em 22.10.1850, um protesto contra a Inspetoria das Obras Públicas.


Outros Projetos:


1820 - Projeto de remodelação do centro do Rio de Janeiro (não executado). Previa a implantação de um eixo monumental que ligaria o cais e o Palácio Imperial;

1825/1826 - Projeto para o novo Palácio Imperial do Rio de Janeiro, que não foi construído;


1827 - Projeto da Praça Monumental do Campo de Santana, Rio de Janeiro (não construída);
1834/1841 - Constrói o Mercado do Peixe no Rio de Janeiro (demolido em 1903);

1841 - Projeta a adaptação do Seminário de São Joaquim como Colégio Pedro II ;
1844 - Projeto do chafariz em comemoração à chegada da imperatriz Teresa Cristina (demolido por volta dos anos quarenta);
1848 – Projeto do Senado do Império (não foi construído).

Um comentário:

abhijeetfahrney disse...

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